Como amar a Deus sobre todas as coisas?


O primeiro passo consiste em aderir ao Senhor de modo a não querer perder a união com Ele por causa de criatura alguma ou por causa de pecado mortal, ou seja, viver os 10 mandamentos. Deus habita em nossa alma. Quer estar conosco. Quem ama quer estar com o amado!

Deus é muito mais interessado por nós do que nós somos por Ele, porque nos criou para Ele. O salmista diz: “Sabei que o Senhor é Deus: Ele nos fez e a Ele pertencemos. Somos o seu povo e as ovelhas do seu rebanho” (Sl 99,3). “Ele nos escolheu em Cristo, antes da criação do mundo” (Ef 1,1). Deu-nos a Sua imagem e semelhança; e nos colocou em um mundo maravilhoso, repleto de flores, frutos, perfumes, belezas naturais que enchem nossos olhos, ouvidos e paladar de encantos. É o Seu amor por nós.

E quando perdemos o Paraíso, “não nos abandonou ao poder da morte”, foi atrás de nós numa longa história da salvação que foi selada com a oblação do Seu Filho Único na cruz, “para que todo que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Depois de nos ter criado de maneira maravilhosa, nos redimiu e recriou de maneira mais maravilhosa ainda.

São Tiago diz que Deus nos ama até o ciúme: “Sois amados até o ciúme pelo Espírito que habita em vós” (Tg 4,5). Deus é louco de amor por nós. São João Maria Vianney, disse que se experimentássemos o amor de Deus por nós, morreríamos de emoção. Por quem você morreria numa cruz, como Cristo morreu? Só por quem você amasse sem limites.

É por isso que Deus habita em nossa alma. Quer estar conosco. Quem ama quer estar com o amado. A grande “dor do amor” é ter que ficar longe do amado, ou ser rejeitado por ele. “Não sabeis que sois o Templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1 Cor 3,16).

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Esta é, infelizmente, uma bela realidade que a maioria dos cristãos ainda não tomou consciência: Deus habita em nós. São João Batista, falando ao povo de Jesus, disse-lhes: “Está no meio de vós Alguém que não conheceis” (João 1,26). Deus é um desconhecido para a maioria, no próprio coração. E Ele sofre por isso.

“Quantas almas soltarão, um dia, um grito de surpresa, ao descobrir o que tinham no seu interior, sem o saberem!”, diz o Monsenhor d´Hulst.

A finalidade da piedade é a intimidade com Deus. Ele está presente em nós pelo estado da graça. É dogma de fé, e dos mais importantes. A maioria tem uma vida espiritual anêmica porque busca Deus onde Ele não está e não o encontra na própria alma.

Deus só nos abandona se estivermos em pecado mortal. Então, é preciso procurar Deus dentro de nós, onde habita, onde nos chama, onde nos espera, e onde sofre as nossas ausências e esquecimentos. É assim que os santos chegaram a santidade: S. Teresinha, S. Teresa, S. João da Cruz, etc.

O maior dom que o homem recebeu ao ser criado é da participação amorosa da vida mesma da Santíssima Trindade. Jesus disse que “Meu Pai e Eu o amaremos, viremos a ele, e faremos nele a nossa morada” (Jo 14, 23). Deus tem sede de viver em nós; por isso Jesus aceitou se fazer pão para estar em nós substancialmente.

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Querigma: Como podemos perceber o amor de Deus por nós?

“Somos um céu”, disse Santo Agostinho (Sl 88). A beata Elizabeth da Trindade falava do “céu de minha alma o onde Deus habita”.

Jesus disse: “Permanecei em mim e eu em vós, porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,5). Essa é uma das razões porque Ele quer habitar e permanecer em nós: sem Ele somos nada.

Compreendo como Santa Teresa caía em êxtase à vista de uma alma em estado de graça. Via-se no céu. “O céu escrevia ela, não é a única morada de Nosso Senhor; Ele tem outra também em nossa alma, que se pode chamar outro céu”.

“Cristo, diz Santo Agostinho, está no centro do nosso interior, e de lá vê o que faz nossa mão, o que diz nossa língua, o que pensa nosso espírito e quais são nossos sentimentos íntimos. Com que vigilância, piedade e castidade devemos viver, uma vez que estamos sempre sob os olhares deste Senhor santíssimo” (De Ascensione, Sermão XI).

Santo Anselmo acrescenta: “Com que vigilância, com que respeito devemos usar de todos os nossos sentidos e de todos os membros de nosso corpo, se é o Senhor em pessoa que neles vive, que os possui e observa todas as suas ações!”.

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Como perceber que Deus fala comigo?

São Paulo disse que “Deus nos predestinou para sermos conformes a imagem de Seu Filho” (Rom 8,29). É Deus mesmo que em nossa alma molda-nos à imagem de Cristo, conforme fomos criados.

Então, para se relacionar bem com Deus é preciso fazer silêncio; e no silêncio do coração encontrá-lo. Ele irá nos falar pela Sua Palavra, pelos acontecimentos da vida, pelos sofrimentos e alegrias, pela beleza das flores e tudo que vemos. E, nesta intimidade, podemos abrir-lhe o coração e falar das nossas lutas, angústias, lutas… E Ele nos responderá na Sua linguagem que não é a nossa. Reze com calma, com paz, sem pressa. Importa a qualidade, mais que a quantidade.

Como disse o Pe. Raul Plus: “Assim como uma gota insignificante é capaz de refletir a luz e a beleza do astro rei, cada um de nós, tão pequeno dentro do universo, é chamado a resplandecer a luz infinita e superior de Deus”.

Prof. Felipe Aquino

«Como amar a Deus sobre todas as coisas? Sinto muito maior comoção ao pensar em meus pais e amigos do que ao pensar em Deus. Por isto também me parece que não tenho contrição dos pecados; nada sinto ao recordar-me deles».

1. A questão se resolve sem grande dificuldade, desde que se leve em conta a distinção entre amor afetivo e amor apreciativo ou efetivo.

a) O amor afetivo é a atração que experimentamos frente a determinada pessoa pelo fato de a estarmos percebendo mediante os sentidos (os olhos, os ouvidos…). Somos então «impressionados» de maneira sensível; em consequência, a nossa natureza corpórea vibra espontaneamente — o que se manifesta mediante sorriso, estremecimento, lágrimas, pranto, rubor, palidez, etc. Tais reações podem escapar ao controle da vontade; embora muito abalem o indivíduo, são, por vezes, algo de infra-humano. Não são motivadas pela dignidade da pessoa ou do objeto que impressionam (pode mesmo acontecer que pessoa pouco digna provoque grande comoção sensível).

É natural que as pessoas com quem mais intimamente convivemos, como genitores, familiares e amigos, despertem em nossa sensibilidade mais vivas reações ou emoções. Tais emoções podem ser moralmente boas e sadias, desde que tenham motivo reto (assim a emoção que experimentamos ao pensar em pai e mãe é moralmente boa); contudo essas emoções sensíveis não são critério de verdadeiro amor, pois ficam abaixo do plano em que se localiza o amor propriamente dito (plano da inteligência e da vontade). A emoção sensível é, na melhor das hipóteses, algo que acompanha o genuíno amor, mas não o caracteriza.

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Resposta ao amor de Deus

b) O amor apreciativo é a atração que se deriva da apreciação ou da consideração inteligente do valor que nos é proposto. Quem, por exemplo, reflete sobre o que Deus é, verifica que é o Sumo Valor; se, em consequência, concebe o propósito de Lhe aderir incondicionalmente, está amando a Deus com amor apreciativo,… e amor apreciativo que, no caso, é sumo ou está acima de todas as coisas.

Tal amor pode não provocar reação alguma em nossa natureza sensível, pois ele não depende de contato sensitivo (dos olhos, dos ouvidos…), e, sim, de uma reflexão da inteligência. É, por isto, muito digno e muito mais característico da nobreza humana do que o amor afetivo.

Por conseguinte, para que alguém cumpra o preceito de amar a Deus sobre todas as coisas, não se requer que vibre sensivelmente ao pensar em Deus, mas que esteja firmemente disposto a tudo sacrificar (até mesmo o deleite de conviver com os parentes e amigos), a fim de não perder a união com o Senhor, ou seja, a fim de não pecar. Para averiguar se possui tal amor, o cristão examinará o zelo que emprega para evitar as ocasiões de pecado, combater as tentações e progredir na vida espiritual. É, pois, pela prática cotidiana ou pelos efeitos (não pelos sentimentos emotivos) que se verifica a existência do amor apreciativo.

2. O mesmo se diga com referência à contrição dos pecados. A genuína contrição não implica necessariamente emoção sensível e lágrimas (pode haver tais concomitantes, não raro são graças especiais de Deus); mas consiste essencialmente em repúdio do pecado, repúdio decorrente da consideração inteligente e serena do que é uma ofensa a Deus. Por efeito desse repúdio, o penitente deve conceber o firme propósito de fazer tudo para não mais pecar, ainda que sofra, em consequência, a própria morte.

Note-se que a contrição e o propósito são válidos mesmo que a pessoa não tenha certeza de não recair em culpa apesar dos seus sinceros esforços. Na verdade, todo indivíduo está sujeito a ser surpreendido e suplantado pela miséria de sua natureza. O que o Senhor Deus requer do penitente, é a disposição legal de empregar todos os meios que, humanamente falando, lhe parecerem oportunos para não ser vencido pelo pecado.

Vê-se assim que pode muito bem haver genuína contrição sem emoções sensíveis (a expressão «dor pelos pecados» não significa «abalo emotivo ou sensível»); a contrição tem sua sede na inteligência e na vontade, não na sensibilidade da natureza humana.

3. O amor apreciativo que devotamos a Deus admite três graus:

para_estar_com_deusa) o primeiro consiste em aderir ao Senhor de modo a não querer perder a união com Ele por causa de criatura alguma ou por causa de pecado mortal. Esta forma de amor caracteriza a via purgativa ou os inícios da vida espiritual, em que a pessoa está obrigada a lutar contra a concupiscência desregrada, a fim de não ser arrastada a pecados graves.

b) O segundo grau de amor consiste em que o cristão não queira não somente perder, mas nem mesmo diminuir a união com Deus — o que se daria pelo pecado leve ou venial. Esta modalidade de amor caracteriza a via iluminativa, na qual a pessoa procura com diligência fortalecer as virtudes inicialmente adquiridas na fase anterior.

c) O terceiro grau de amor leva o cristão a procurar evitar até mesmo as imperfeições voluntárias, a fim de não sofrer o mínimo detrimento ou entrave na união com Deus. Consequentemente, a pessoa, em qualquer de seus atos, escolhe o que julga mais agradável ao Senhor. Tal é a característica da via unitiva, em que a intimidade com Deus se vai desenvolvendo sem limite.

Dom Estêvão Bettencourt (O.S.B.)

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Fonte: https://cleofas.com.br/como-amar-a-deus-sobre-todas-as-coisas/

 

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