Jesus disse para sermos Sal no mundo? Como assim?


Como compreender essa ordem de Jesus de sermos Sal e luz no mundo? E o açucar, onde fica?

O cristão é chamado a ser sal e luz no mundo

“Jesus faz esta recomendação para os apóstolos e para nós: ‘Vocês agora são sal da terra’. Os pagãos ao olharem a nossa vida irão se converter e louvar o Pai do céu. São Tiago diz que não dá para o cristão ser de Deus e se comportar como os mundanos se comportam. O cristão é chamado a ser diferente. Aonde o cristão passa, ele exala o odor de Cristo. Nós vivemos em um país onde o nível de alcoolismo é muito grande. Muitas famílias desfalecendo por causa da bebida.  Jesus Cristo está dizendo que devemos ser sal e luz no mundo. As pessoas pensam que ser luz é a ir a missa, fazer adoração, mas se isso não leva você a muda os seus atos, não está valendo nada. É preciso dar frutos de santidade! Eu tenho que viver o que Jesus pede que eu viva!”

 

 

Evangelho de São Mateus

“Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: ‘Vós sois o sal da terra. Ora, se o sal se tornar insosso, com que salgaremos? Ele não servirá para mais nada, senão para ser jogado fora e ser pisado pelos homens. Vós sois a luz do mundo. Não pode ficar escondida uma cidade construída sobre um monte. Ninguém acende uma lâmpada e a coloca debaixo de uma vasilha, mas sim num candeeiro, onde ela brilha para todos os que estão em casa. Assim também brilhe a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,13-16).

Veja, meus irmãos e minhas irmãs, o que nós devemos ser no mundo. Jesus utiliza-se de duas imagens: o sal e a luz. O sal porque, na verdade, existe uma realidade aqui comum, tanto ao sal como à luz. É a invisibilidade. Porque, por exemplo, o sal depois que faz a sua função de temperar, de salgar, ele desaparece, e a luz justamente faz funcionar tudo, mas não a vemos.

Essa é uma coisa interessante para a vida de cada cristão: realizar a sua vocação, fazer aquilo para a qual foi destinado mas, ao mesmo tempo, desaparecer para que Cristo apareça, para que a vida de Cristo seja mais evidente.

 

 

O cristão deve fazer funcionar como a luz (a energia) a engrenagem da vida neste mundo

A fé é significativa quando toca o ser humano, assim como o sal. Por isso, o sal — como transforma o sabor dos alimentos — a fé também precisa transformar o ser humano, precisa transformar o coração do homem, dar sabor à sua vida, dar sentido. E a experiência com Cristo precisa dar sentido aos nossos dias, à nossa vida; o cristão precisa transformar tudo aquilo que está à sua volta, ele deve fazer funcionar como a luz (a energia) a engrenagem da vida neste mundo e depois desaparecer. Porque é Cristo quem tem que aparecer, é a vida de Cristo que precisa ficar evidente.

Papa Bento XVI, em um dos seus ensinamentos, lembrava-nos que o cristianismo cresce por atração e não por proselitismo — proselitismo é como se fosse uma propaganda ou marketing. O cristianismo cresce por atração, ou seja, quando as pessoas veem em mim e em você as ações de Cristo, os sentimentos de Cristo, um comportamento de Cristo, a vida de Cristo. Por isso, o cristianismo cresce porque aquela pessoa vê aquela atitude, vê Cristo naquela pessoa e começa também a ter o desejo de viver aquela experiência.

 

 

Somos destinados a ser sal da terra e luz do mundo, viver a nossa vocação profundamente, tocar as realidades do mundo, transformar as realidades do mundo, fazer com que as realidades do mundo funcionem, segundo o projeto de Deus, e, depois, desaparecer para que Cristo apareça e seja glorificado.

Jesus é sempre muito pedagógico em Seus ensinamentos. E, hoje, Ele utiliza destes dois elementos: sal e luz; para ensinar como deve ser o agir dos Seus discípulos neste mundo.

Os discípulos de Jesus precisam ser como o sal. O sal, como nós sabemos, além de dar sabor aos alimentos, ele também pode ser usado como um conservante. O sal preserva os alimentos da corrupção, preserva-os de se estragarem.

Ser sal de Cristo, neste mundo, é viver sendo exemplo de santidade, é ser testemunha concreta de vida santa, em meio ao mundo de muitas corrupções. Ser sal é ensinar a doutrina de Cristo com a própria vida. Porque não basta ensinar a doutrina de Cristo somente com as palavras, é preciso, acima de tudo, edificar o mundo com o sal do exemplo.

O que converteu os primeiros cristãos não foi a novidade de uma doutrina, mas foi a vida daqueles que souberam colocar em prática essa novidade! Primeiro, eles experimentaram o sal, a vida nova de santidade e de caridade; tiveram as suas vidas temperadas com esse sal, com esse novo sabor. Foram conquistados pelo sabor da alegria, da paz e, a partir daí, se abriram à luz da doutrina, conhecendo os mistérios da graça que impulsionam a vida cristã.

 

 

Ser sal é ensinar a doutrina de Cristo com a própria vida

A doutrina cristã não é apenas uma ideia, teorias, mas, antes de tudo, ela é vida e deve ser vivida. Porque se a doutrina cristã for apenas uma ideia, apenas uma teoria, ela vai ser como esse sal que perde o seu sabor e que se torna insosso. E se o sal se tornar insosso, não servirá de mais nada, a não ser para ser jogado fora e pisado pelos homens.

A doutrina cristã não pode ser vista como algo impraticável, uma moral muito longe de ser alcançada, mas a doutrina cristã precisa ser vista e compreendida por meio de nossa vida, como algo possível e alcançável. Só assim o sal terá sua função de dar sabor e preservar!

A santidade de vida de muitos homens e mulheres, o exemplo dos santos, é esse sal que tem preservado este nosso mundo de ser totalmente corrompido, de se perder totalmente. O sal preserva.

A vida santa é esse tempero que, às vezes, parece ser pouco, diante de uma realidade tão grande do nosso mundo — e, às vezes, é até imperceptível. Mas, mesmo sendo pouco, é capaz de dar sabor e preservar gerações inteiras da corrupção do pecado.

 

 

Jesus disse que o cristão deve ser o “sal da terra” e a “luz do mundo” (cf. Mt 5,13.14). O mundo vive nas trevas do pecado, por isso Jesus veio para eliminar essa escuridão e nos devolver a luz divina. Ele é o “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1, 29). Jesus veio para “arrancar o pecado do mundo”, através do qual Satanás domina o homem, o acorrenta, o destrói e o lança nas trevas; pois, “o salário do pecado é a morte” (Rom 6,23).

Disse o profeta: “O povo que andava nas trevas viu uma grande luz” (Is 9,1). Dois reinos se digladiam, o da luz e o das trevas. São Paulo pergunta: “Que comunhão pode haver entre a luz e as trevas? Que acordo entre Cristo e Belial?” (2 Cor 6,14-15). O Apóstolo lembra-nos ainda que: “Ele nos arrancou do poder das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, no qual temos a redenção, a remissão dos pecados” (Cl 1,12-13).

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Todo cristão é um profeta

Assim como a Lua reflete sobre a Terra a luz do Sol, o cristão é aquele que sobre a humanidade reflete a luz de Cristo; sem medo das trevas, obedecendo o Senhor, mostrando a Sua Verdade que liberta, sem medo e sem diminui-la ou enfraquece-la, para agradar as pessoas. “Não se pode esconder uma cidade situada sobre o monte” (Mt 5,14). São Paulo disse que os cristãos são os “filhos de Deus, sem defeito, no meio de uma geração má e perversa, no seio da qual brilhais como astros no mundo, mensageiros da Palavra da vida” (Fl 2, 14-15).

São João Paulo II disse na Encíclica “Redemptor Hominis” que: “Sem Jesus Cristo, o homem permanece para si mesmo um desconhecido, um mistério insondável, um enigma indecifrável”.

Assim como o sal conserva o alimento, o cristão dever guardar a Verdade e o Bem. O Papa Francisco disse em Sarajevo que: “o religioso mundano não serve”. Todo cristão é um religioso, e se é dominado pelo mundo, se perde. O cristão pode ser tentado a adaptar-se ao “gosto da maioria”, como se a Verdade e o Bem dependessem de plebiscito. “Se o sal perder o seu sabor, com que o salgarão? Servirá apenas para ser jogado fora e pisado” (Mt 5, 13).

 

 

O papel do cristão é único, insubstituível. Se o cristão falha na sua fidelidade à mensagem do Evangelho, deixa uma lacuna que ninguém poderá preencher. Ele é chamado a renovar a sociedade, comunicando-lhe os valores de Deus. A presença de um cristão fiel e santo estimula os irmãos a se converterem. Pode até implicar zombaria e escárnio para o irmão ou a irmã fiel, mas é tarefa valiosa. Bento XVI disse que hoje devemos estar preparados para enfrentar o “martírio da ridicularização”. Mais do que nunca, nos tempos atuais, em que tanto se fala de corrupção e imoralidade, é hora dos cristãos sanearem o mundo com a luz de Cristo.

Sejamos, meus irmãos, sal e luz de Cristo, assim como Jesus nos ensina. Sejamos testemunho de uma vida santa, que dá sabor e que preserva e ilumina a vida de tantos.