Analisemos tais textos e comprovemos:
1ª dúvida: “Toda a Escritura é inspirada por Deus, e útil para ensinar, para repreender, para corrigir e para formar na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito e equipado para toda boa obra.” (2 Tm 3,16).
Resposta: Esse texto é inclusive o mais citado. Notemos, porém, antes de qualquer coisa, que a passagem aqui afirma apenas a inspiração divina da Bíblia – o que aceitamos plenamente! No entanto, ela não diz que somente a Escritura é regra de fé. Assim, ao afirmarmos que “Fulano é inteligente” não estamos dizendo que “Só Fulano é inteligente.” Logo, o texto escriturístico referido não favorece a pretensão solascripturista. Defender a Sola Scriptura a partir desses versos é extrapolar para afirmações ausentes do texto. Se olharmos o contexto dessa passagem, somente em 2º Timóteo, S. Paulo cita a tradição oral três vezes (1,13-14; 2,2 e 3,14). E para entendermos melhor o caso, comparemos esse texto com outro do mesmo apóstolo, pois ele esclarecerá melhor o assunto: “A uns ele constituiu apóstolos; a outros, profetas; a outros, evangelistas, pastores, doutores, para o aperfeiçoamento dos cristãos, para o desempenho da tarefa que visa à construção do corpo de Cristo, até que todos tenhamos chegado à unidade da fé e do conhecimento do Filho de Deus, até atingirmos o estado de homem feito, a estatura da maturidade de Cristo. Para que não continuemos crianças ao sabor das ondas, agitados por qualquer sopro de doutrina, ao capricho da malignidade dos homens e de seus artifícios enganadores. Mas, pela prática sincera da caridade, cresçamos em todos os sentidos, naquele que é a cabeça, Cristo.” (Efésios 4,11-15).
Como se vê, se 2º Timóteo 3 provasse a Sola Scriptura, pelo mesmo critério, Efésios 4 provaria a suficiência do Magistério da Igreja (representado aqui pelos pastores, professores, etc.) para o aperfeiçoamento dos cristãos. Em Ef 4,11-15 se diz que os cristãos são ensinados, edificados, trazidos à unidade e ao estado de homens feitos na maturidade de Cristo, e protegidos da confusão doutrinal por meio do Magistério da Igreja. Isso é uma afirmação muito mais forte do aperfeiçoamento dos homens do que 2º Timóteo 3, 16.17, mas aqui a Escritura não é citada como fonte de aperfeiçoamento. Concluiremos, por isso, que o Magistério da Igreja é a única fonte de fé? Excluiremos a Escritura dessa fonte de aperfeiçoamento? É claro que não!
Veja a continuação aqui:
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