O que a Igreja e a Bíblia tem a nos dizer sobre a Morte e a dor do Luto?


“O tempo para procurar Deus é esta vida. O tempo para encontrar Deus é a morte. O tempo para desfrutar Deus é a eternidade”. São Francisco de Sales. O Livro da Sabedoria diz que “Deus não é o autor da morte nem se alegra na perda dos viventes. Pois Ele criou todas as coisas para a existência” (Sb 1,13-14). Esta é uma pergunta que muitos fazem: Por que Deus não criou um mundo perfeito? Por que permitiu o pecado acontecer e a morte entrar na história humana? Não podemos duvidar da grandeza, bondade e sabedoria de Deus em seus santos desígnios. Se Ele permitiu que o pecado original acontecesse, e a morte entrasse na história da humanidade, é porque tinha algo **ainda melhor e mais belo para o homem**, segundo nos ensinam os sábios, doutos e santos doutores da Igreja.

 

Igreja nos leva a refletir sobre a morte e compreendê-la

A Igreja ensina que, em consequência do pecado original, o homem deve sofrer “a morte corporal, à qual teria sido subtraído se não tivesse pecado” (Gaudium et Spes, 18; Gn 2,17). Não passaríamos pela morte como ela é hoje se não houvesse o pecado.

A Igreja reconhece que “é diante da morte que o enigma da condição humana atinge o seu ponto mais alto” (idem). São Paulo ensina que “o salário do pecado é morte” (Rm 6, 23); é dele que advém todo sofrimento da criatura humana; mas que para os que morrem na graça de Cristo, é uma participação na morte do Senhor, a fim de poder participar também de sua Ressurreição (Rom 6, 3-9).

Embora o homem tivesse uma natureza mortal, Deus o destinava a não morrer. “Ora, Deus criou o homem para a imortalidade, e o fez à imagem de sua própria natureza. É por inveja do demônio que a morte entrou no mundo, e os que pertencem ao demônio prová-la-ão”. (Sab 2, 23). A morte foi, portanto, contrária aos desígnios de Deus criador e entrou no mundo como consequência do pecado; e será o “último inimigo” do homem a ser vencido (1Cor 15,26).

 

 

Transformação da morte em bênção

A realidade inexorável da morte deve recordar-nos de que temos um tempo limitado para realizar nossa vida: “Lembra-te de teu Criador nos dias de tua mocidade (…) antes que o pó volte à terra de onde veio, e o sopro volte a Deus que o concedeu” (Eclo 12, 2.7).

Mas a morte foi transformada por Cristo. Jesus, o Filho de Deus, sofreu Ele também a morte, própria da condição humana; assumiu-a em um ato de submissão total e livre à vontade de seu Pai. A obediência de Jesus transformou a maldição da morte em bênção (Rom 5, 19-21). Por isso, graças a Cristo a morte cristã tem um sentido positivo. São Paulo disse: “Para mim, a vida é Cristo, e morrer é lucro” (Fl 1, 21). “Fiel é esta palavra: se com Ele morremos, com Ele viveremos” (2Tm 2, 11).

O Catecismo da Igreja Católica ensina que “A novidade essencial da morte cristã está nisto: pelo batismo, o cristão já está sacramentalmente ‘morto com Cristo’ para viver uma vida nova; e, se morrermos na graça de Cristo, a morte física consuma esse ‘morrer com Cristo’ e completa, assim, nossa incorporação a ele em seu ato redentor” (§1010).

Deus chama o homem a si em sua morte. São Paulo estava certo disso: “O meu desejo é partir e estar com Cristo” (Fl 1, 23); então, o cristão deve transformar sua morte em um ato de obediência e de amor ao Pai, a exemplo de Cristo (Lc 23, 46). Santa Teresinha dizia: “Não morro, entro para a vida.”

A visão cristã da morte é expressa de forma privilegiada na liturgia da Igreja: “Senhor, para os que creem em vós, a vida não é tirada, mas transformada. E, desfeito nosso corpo mortal, nos é dado, nos céus, um corpo imperecível.”

A morte encerra o “tempo de graça e de misericórdia” que Deus oferece a cada um para realizar sua vida terrestre segundo o projeto divino e para decidir seu destino último. Não existe reencarnação; ensina a Igreja que : Quando tiver terminado “o único curso de nossa vida terrestre” (LG, 48), não voltaremos mais a outras vidas terrestres. “Os homens devem morrer uma só vez” (Hb 9,27).

 

 

Leia mais:
.: Diante da morte, como reagir e superar o medo?
.: A vida vence a morte
.: O que aprendemos com a morte?
.: Não mascarar a morte

Pela morte, a alma é separada do corpo, mas na ressurreição Deus restituirá a vida incorruptível ao nosso corpo transformado, unindo-o novamente à nossa alma (cf. Cat. §1016).

O que é “ressuscitar”?

Na morte, que é separação da alma e do corpo, o corpo do homem cai na corrupção, ao passo que a sua alma vai ao encontro de Deus, ficando à espera de ser novamente unida ao seu corpo glorificado. Deus na sua onipotência restituirá definitivamente a vida incorruptível aos nossos corpos unindo-os às nossas almas, pela virtude da Ressurreição de Jesus (Cat. §997).

Todos os homens que morreram ressuscitarão. “Os que tiverem feito o bem sairão para uma ressurreição de vida; os que tiverem praticado o mal, para uma ressurreição de julgamento.” (Jo 5, 29; cf. Dn 12,2).

Cristo ressuscitou com o seu próprio Corpo: “Vede as minhas mãos e os meus pés: sou eu!” (Lc 24, 39). Mas ele não voltou a uma vida terrestre. Da mesma forma nele “todos ressuscitarão com seu próprio corpo, que tem agora”, ensinou o IV Concílio do Latrão, (DS, 801); porém, este corpo será “transfigurado em corpo de glória” (Fl 3,21), em “corpo espiritual” (1Cor 15,44).

 

 

Quando será a ressurreição?

O Catecismo responde: Definitivamente “no último dia” (Jo 6, 39-40.44.54;11,24); “no fim do mundo” (LG, 48). A ressurreição dos mortos está intimamente associada à Parusia de Cristo (§1001).

A “Imitação de Cristo” nos ensina: “Em todas as tuas ações, em todos os teus pensamentos deverias comportar-te como se tivesses de morrer hoje. Se tua consciência estivesse tranquila, não terias muito medo da morte. Seria melhor evitar o pecado que fugir da morte. Se não estás preparado hoje, como o estarás amanhã?”

E São Francisco de Assis, no “Cântico das Criaturas”, assim rezou:

“Louvado sejais, meu Senhor, por nossa irmã, a morte corporal, da qual homem algum pode escapar. Ai dos que morrerem em pecado mortal, felizes aqueles que ela encontrar conforme a vossa santíssima vontade, pois a segunda morte não lhes fará mal.”

 

 

E sobre o Mal, por que acontece?

São Leão Magno, doutor da Igreja (†460), e Santo Tomás de Aquino, também doutor (†1274) respondem por que Deus não impediu o primeiro homem de pecar.

São Leão Magno: “A graça inefável de Cristo deu-nos bens melhores do que aqueles que a inveja do demônio nos havia subtraído” (Sermão 73,4).sofrendo_na_fe

Santo Tomás de Aquino: “Nada obsta a que a natureza humana tenha sido destinada a **um fim mais elevado** após o pecado. Com efeito, Deus permite que os males aconteçam para tirar deles um bem maior. Donde a palavra de São Paulo: ‘Onde abundou o pecado superabundou a graça’ (Rm 5,20). E o canto do Exultet: ‘Ó feliz culpa, que mereceu tal e tão grande Redentor’” (S.Th. III, 1, 3, ad 3), (CIC §412). Não podemos duvidar de Deus.

O Catecismo responde por que Deus não criou um mundo perfeito:

“Segundo seu poder infinito, Deus sempre poderia criar algo melhor (Santo Tomás, S. Th. 1.25.6). Todavia, em sua sabedoria e bondade infinitas, Deus quis livremente criar um mundo **em estado de caminhada** para sua perfeição última […] Juntamente com o bem físico existe, portanto, o mal físico, enquanto a criação não houver atingido sua perfeição” (Santo Tomás, Suma Contra os Gentios, III,I).

Para que os anjos e os homens pudessem ser “imagem e semelhança de Deus”, necessariamente tinham que ser criados livres, **podendo até rejeitar o próprio Deus**. Santo Agostinho explica bem o **mistério da liberdade humana** e do pecado que gera a morte:

“Os anjos e os homens, criaturas inteligentes e livres, devem caminhar para seu destino último por **opção livre e amor preferencial**. Podem, no entanto, desviar-se. E, de fato, pecaram. Foi assim que o mal moral entrou no mundo, incomensuravelmente mais grave do que o mal físico. Deus não é de modo algum, nem direta nem indiretamente, a causa do mal moral (**O livre Arbítrio**, I,1.2). Todavia, permite-o, respeitando a liberdade de sua criatura e, misteriosamente, sabe auferir dele o bem: ‘Pois o Deus Todo-Poderoso […], por ser soberanamente bom, nunca deixaria qualquer mal existir em suas obras se não fosse bastante poderoso e bom para fazer resultar o bem do próprio mal’” (Enchiridion 3,11).

 

 

Deus deu a Adão o dom preternatural da **ciência infusa:** as luzes necessárias no plano religioso e moral para que agisse corretamente como o Patriarca da humanidade; por isso Deus não foi injusto com ele após o pecado. Alguém pode perguntar: Deus Pai sabia que Adão seria infiel, tornando infelizes todos os seus descendentes? Por que colocou tanta responsabilidade sobre Adão?

Deus é onisciente e conhecia a desobediência de Adão antes de acontecer; mas Deus não a provocou. O fato de Deus ser onisciente não anula a nossa liberdade de decidir e de agir. Para impedir que Adão pecasse, o Criador teria que retirar dele o livre arbítrio que havia lhe dado como a sua **mais importante e essencial característica humana**, fazendo-o sua “imagem e semelhança”. Se Deus retirasse de Adão a liberdade de escolha ele o tornaria indigno, **uma marionete** de Deus, um mero **robô teleguiado**, um animal irracional. Deus não quis isso para o homem.

Mas Deus sabia como remediar o erro de sua amada criatura, usando de maior sabedoria e bondade. Ele usaria o próprio erro de Adão para derramar **maior amor e maior bondade** sobre a humanidade. Deus não faz o que achamos que Ele deveria fazer, porque **Ele faz algo muito mais sábio e grandioso**, embora a gente não compreenda, e possa parecer-nos até injusto. Deus quis “respeitar até o fim a liberdade do homem”, mas soube servir-se da própria ruína do homem para beneficiá-lo ainda mais. “Ó feliz culpa que nos deu um tão grande Redentor”. Deus se fez homem; pode haver honra e glória maior para nós?

Se Deus permitiu o pecado de Adão, não é somente porque saberia dar-lhe um remédio posteriormente, mas também porque previa a **glória de Cristo Redentor**, que supera em muito a miséria da catástrofe humana inicial. Na sua onipotência e amor, Deus saberia recompensar a miséria do pecado de Adão. Enfim, Deus não teria permitido o pecado original se **no mesmo instante divino e eterno** não tivesse previsto a Redenção. E uma Redenção que custou a vida do Seu Filho único!…

Cristo veio ao mundo como Instaurador de uma ordem de coisas ainda mais maravilhosa do que a inicial; não veio apenas para restabelecer o homem no estado donde decaíra, mas para elevá-la a um destino **mais sublime**. Por isso a Liturgia reza:

“Ó Deus, admirável na criação do ser humano, e mais ainda na sua redenção, dai-nos a sabedoria de resistir ao pecado e chegar à eterna alegria, por NSJC” (Oração da coleta da Vigília Pascal).

 

 

“Senhor Pai Santo […]. No momento em que Vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos” (Prefácio da Oração Eucarística do Natal III).

“Quando Cristo se manifestou em nossa carne mortal, vós nos recriastes na luz eterna de sua divindade” (Prefácio da Oração Eucarística da Epifania).

A conclusão da Teologia sobre tudo isso é que o Paraíso conquistado por Cristo para os que o amarem, **será ainda melhor** que o Paraíso inicial.

O Papa João Paulo II falou sobre isso em suas Catequeses. Ele explica-nos que, para Deus, **garantir a liberdade humana, é mais importante que correr o risco de ver o homem errar**. Sem a liberdade o homem não seria humano; se errar, Deus sabe consertar o seu erro.

“A palavra de Deus afirma de forma clara e peremptória que ‘a maldade não triunfa contra a sabedoria de Deus’ (Sb 7,30) e que Deus **permite o mal no mundo com fins mais elevados**, mas não quer esse mal… No plano eterno de Deus e em sua ação providencial na história do homem, todo mal, e de forma especial o mal moral – o pecado – é submetido ao bem da redenção e da salvação precisamente mediante a cruz e a ressurreição de Cristo. Pode-se afirmar que, Nele, Deus tira o bem do mal. O tira em certo sentido, do mesmo mal que supõe o pecado, que foi a causa do sofrimento do Cordeiro imaculado e de sua terrível morte na cruz como vítima inocente pelos pecados do mundo. A liturgia da Igreja não duvida em falar, neste sentido, da ‘felix culpa’” (cf. Exultet da Liturgia da Vigília Pascal – Catequese, 11 de junho de 1986, n. 1).

O Papa João Paulo II deixou-nos uma página magistral sobre a questão do sofrimento implantado no mundo pelo pecado; pode ser lido no livro **Cruzando o limiar da esperança** (pp. 71-73). Você pode ler também sua Carta Apostólica **Salvifici Doloris** (11 de fevereiro de 1984).

10 frases interessantes de alguns santos sobre a Morte

A morte é a passagem da vida terrena a vida eterna. É por isso que os santos viam este acontecimento de uma perspectiva distinta da visão do mundo.

Os santos são estas almas fiéis que gozam da Glória de Deus pois foram admitidos em sua carreira terrestre, foram provados e aprovados em sua missão e deixaram um legado de santidade para a Igreja, e agora triunfam no céu.

E quem melhor que eles para nos ensinar a vivermos uma vida virtuosa para que quando chegar o nosso momento tenhamos uma santa morte? O CIC (Catecismo da Igreja Católica) nos ensina no parágrafo 1013:

A morte é o fim da peregrinação terrestre do homem, do tempo de graça e de misericórdia que Deus lhe oferece para realizar sua vida terrestre segundo o projeto divino e para decidir o seu destino. Quando tiver terminado “o único curso de nossa vida terrestre “, não voltaremos mais a outras vidas terrestres. “Os homens devem morrer uma só vez” (Hb 9,27). Não existe “reencarnação” depois da morte.

O que os santos dizem sobre a morte?

 

1) “Ó grande dia, em que se confirmará o amor de Deus em mim! Nesse dia, pela primeira vez, entoarei diante do céu e da terra o cântico da insondável misericórdia do Senhor.” – Santa Faustina – (Diário, 825).

 

 

2) “Tu, se és apóstolo não hás de morrer. Mudarás de casa, e é só.” – São Josémaria Escrivá – (Caminho, 744).

 

 

3) “No entardecer da vida, seremos julgados sobre o amor.” – São João da Cruz.

 

 

4) “Não morro, entro na vida.” – Santa Terezinha do Menino Jesus.

 

 

5) “A morte não é nada. Eu somente passei para o outro lado do Caminho.”  –Santo Agostinho – Reflexão sobre a morte.

 

 

6) “Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã a morte corporal, da qual homem algum pode escapar.”

 

 

Ai dos que morrerem em pecado mortal! Felizes os que ela achar conformes á tua santíssima vontade, porque a morte segunda não lhes fará mal!” – São Francisco de Assis.

 

 

7) Certa vez um criança perguntou a São Padre Pio:

Padre Pio, porque as pessoas boas, geralmente morrem primeiro?
-Minha criança… Quando você vai a um jardim, que flores colhe primeiro? 
-As mais bonitas…” – São Padre Pio de Pietrelcina.

 

 

8) “Maria protege todos os seus devotos, em todas as necessidades, mas os protege especialmente na hora da morte.” – São João Bosco

 

 

9) “Os três inimigos do homem são: a morte que o surpreende, o tempo que escapa, e o demônio que nos arma seus laços.” – São João Bosco

 

 

Nosso Senhor Jesus Cristo afirma:

 

 

Eu sou a ressureição e a vida, aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá” – São João 11, 25-26

Hoje queremos compartilhar 10 frases interessantes dos santos sobre a morte:

1) “Para o cristão, a morte não é a derrota e sim a vitória: o momento de ver a Deus; a morte para encontrá-lo, a eternidade para possuí-la… A morte para o cristão não é o grande susto, e sim a grande esperança.” Santo Alberto Hurtado

2) “Quem se humilha no pensamento da morte, põe em ordem toda sua vida, e está atento a tudo que o rodeia. Afasta de si a ociosidade, se anima nos trabalhos, confia na misericórdia do Senhor, e dirige o curso de uma existência vazia ao porto da eternidade.” Santo Antonio de Pádua

3) “Terrível morte!, mas como é desejável a vida no outro mundo, onde Deus nos chama!” São Francisco de Assis

4) “Quando partimos desta vida, já não é possível fazer penitência e não tem efeito satisfatório. Aqui se perde ou se ganha a vida.” São Cipriano

5) “No momento da morte, não seremos julgados pela quantidade de trabalho que temos feito, mas pelo tanto de amor que colocamos em nossos trabalhos.” Santa Madre Teresa de Calcutá

6) “A morte vos espera em toda à parte; se fordes prudentes, esperai vós por ela em todo o lugar”. São Bernardo

7) “Oh morte, eu não sei quem pode temê-la, já que por ti, a vida se abre para nós.” São Padre Pio de Pieltrecina

8) “Lembra-te que quando abandonares esta terra, não poderás levar contigo nada do que tens recebido, somente o que tens dado: um coração enriquecido pelo serviço honesto, o amor, o sacrifício e o valor”.  São Francisco de Assis

9) “Vivo sem viver em mim, e de tal maneira espero, que morro porque não morro… Vivo no Senhor.” Santa Teresa D’Ávila

10) “Tenha por certo o tempo que empregais com a devoção diante do Diviníssimo Sacramento, será o tempo que melhor os reportará nesta vida e mais os consolará em vossa morte e na eternidade”. Santo Afonso Maria de Ligório

Prof. Felipe Aquino

A morte não é o fim

Agostinho fala da pessoa falecida como alguém que alcançou uma espécie de condição superior: “aqueles que nos deixaram (…) têm os olhos repletos de glória fixos nos nossos repletos de lágrimas”.

Uma presença constante que só se tornou invisível aos nossos olhos, mas que, na realidade, está muito perto de nós: “não estão distantes: estão do outro lado, virando a esquina”.

Santo Agostinho, embora seja um Padre da Igreja, não faz referências a prêmios ou punições divinas, mas fala da relação entre as pessoas que passaram para o outro lado e aquelas que ficaram, evidenciando ainda a relação forte que permanece, ao ponto que “um sorriso” do vivo se torna “a paz” da pessoa que não está mais presente aqui.

Leia mais:
.:Finados: uma vida transformada, pois a morte não é o fim
.:Você sabe o segredo para superar os traumas da morte?
.:Como lidar com o luto?
.:Como podemos falar sobre a morte com as crianças?

Abaixo, alguns pensamentos de Santo Agostinho a respeito dessa passagem para a Eternidade:

“Reencontrarás o meu coração, reencontrarás nele a ternura purificada. Enxuga tuas lágrimas e não chores, se me amas: o teu sorriso é a minha paz.”

“O meu nome seja sempre a palavra familiar de antes: pronunciai-o sem o mínimo sinal de sombra ou de tristeza.”

“Aqueles que nos deixaram não estão ausentes; são invisíveis, têm seus olhos repletos de glória fixos em nossos repletos de lágrimas.”

“Se amas a vida e temes a morte, este mesmo temor da morte é como um inverno diário.”

“A nossa vida conserva todo o significado que sempre teve: é a mesma de antes; existe uma continuidade que não se rompe.”

“O horror da morte não nasce da fantasia, mas da natureza.”

“Aqueles que amamos e que perdemos não estão mais onde estavam antes, mas estão onde quer que estejamos.”

“Não podemos viver o quanto queremos, e morreremos mesmo se não quisermos.”

“Por que eu deveria estar fora de teus pensamentos e da tua mente, só porque estou fora da tua vista? Não estou distante, estou do outro lado, logo virando a esquina. Tranquiliza-te, está tudo bem.”

“A morte não é nada. Apenas fiz a passagem para o outro lado: é como se estivesse escondido no quarto ao lado. Eu sempre serei eu e tu serás sempre tu. O que éramos antes um para o outro o somos ainda.”

A morte não é nada
(Santo Agostinho)

A morte não é nada.
Eu somente passei
para o outro lado do Caminho.
Eu sou eu, vocês são vocês.
O que eu era para vocês,
eu continuarei sendo.
Me deem o nome
que vocês sempre me deram,
falem comigo
como vocês sempre fizeram.
Vocês continuam vivendo
no mundo das criaturas,
eu estou vivendo
no mundo do Criador.
Não utilizem um tom solene
ou triste, continuem a rir
daquilo que nos fazia rir juntos.
Rezem, sorriam, pensem em mim.
Rezem por mim.
Que meu nome seja pronunciado
como sempre foi,
sem ênfase de nenhum tipo.
Sem nenhum traço de sombra
ou tristeza.
A vida significa tudo
o que ela sempre significou,
o fio não foi cortado.
Porque eu estaria fora
de seus pensamentos,
agora que estou apenas fora
de suas vistas?
Eu não estou longe,
apenas estou
do outro lado do Caminho…
Você que aí ficou, siga em frente,
a vida continua, linda e bela
como sempre foi.

Trecho extraído do livro “Superando a dor da perda de quem você ama“, de padre Licio Vale e Rodrigo Luiz

Pergunta: "Por que Deus permite o mal?"

Resposta: A Bíblia descreve Deus como sendo santo (Isaías 6:3), justo (Salmo 7,11), reto (Deuteronômio 32,4) e soberano (Daniel 4, 17-25). Esses atributos nos dizem o seguinte sobre Deus: (1) Deus é capaz de prevenir o mal, e (2) Deus deseja eliminar o mal do universo. Assim, se ambos são verdadeiros, por que Deus permite o mal? Se Deus tem o poder de prevenir o mal, e deseja fazê-lo, por que não o faz? Talvez uma boa maneira de encarar esse dilema seria considerar algumas situações alternativas de como as pessoas gostariam que Deus dirigisse o mundo:

1) Deus poderia mudar a personalidade de todas as pessoas para que não pudessem pecar. Isto também significaria que não teríamos o livre arbítrio. Não seríamos capazes de escolher entre o certo e o errado porque seríamos "programados" para apenas agir corretamente. Se Deus tivesse escolhido fazer isso, não haveria relações significativas entre Ele e a Sua criação.

Em vez disso, Deus fez Adão e Eva inocentes mas com a capacidade de escolher o bem ou o mal. Sendo assim, eles poderiam responder ao Seu amor e confiar nEle ou escolher a sua própria vontade. De fato, escolheram satisfazer a sua própria vontade. Porque vivemos em um mundo real onde podemos escolher as nossas ações mas não as suas consequências, o seu pecado afetou aqueles que vieram depois deles (nós). Da mesma forma, as nossas escolhas de pecar têm um impacto sobre nós e sobre aqueles que nos rodeiam.

2) Como uma outra opção, Deus compensaria pelas ações perversas através de uma intervenção sobrenatural 100% do tempo. Por exemplo, se um motorista embriagado provocasse um acidente automobilístico, Deus teria que proteger o motorista e as pessoas no outro carro de qualquer dano, pois haveria muitas pessoas que possivelmente sofreriam pelo acidente ou pela morte/ ferimentos dos envolvidos no acidente. Deus teria que proteger o motorista bêbado de bater nos postes de alta tensão, prédios, etc., porque essas coisas fariam com que pessoas inocentes sofressem.

Um outro exemplo pode envolver uma pessoa preguiçosa fazendo o encanamento de uma casa, e ele não se preocupa em verificar se há vazamentos antes da casa ser terminada. Deus teria que fazer que o encanamento não vazasse porque senão os compradores da casa teriam que sofrer por causa do pecado da pessoa preguiçosa.

Se um pai se viciasse em drogas e gastasse todo o seu dinheiro nesse vício, Deus de alguma forma teria tanto que milagrosamente proporcionar a comida quanto cuidar das necessidades sociais das crianças para que não tivessem que ser adversamente afetadas pelo mal do pai.

Em um mundo assim, Deus seria como um mau pai que permite um comportamento destrutivo de um filho desobediente. Não haveria consequências por suas ações e, como resultado, ninguém aprenderia integridade, pureza, honra, responsabilidade ou auto-controle. Não haveria "consequências boas" pelo comportamento correto, nem "consequências más" pelo comportamento errado. O que as pessoas se tornariam além de mais rebeldes e pecadoras?

3) Uma outra opção seria que Deus julgasse e removesse aqueles que escolhem cometer atos maus. O problema com esta possibilidade é que não sobraria mais ninguém, pois Deus teria que remover todos nós. Todos pecamos e cometemos atos maus (Romanos 3,23; Eclesiastes 7,20, 1 João 1,8). Embora algumas pessoas sejam mais perversas do que outras, onde Deus traçaria a linha? Em última análise, todas as perversidades causam danos a outras pessoas.

Em vez dessas ou outras opções, Deus escolheu criar um mundo "real" no qual as escolhas reais têm consequências reais. Neste nosso mundo real, as nossas ações afetam outras pessoas. Porque Adão escolheu pecar, o mundo hoje vive sob uma maldição e todos nascemos com uma natureza pecaminosa (Romanos 5:12). Haverá um dia quando Deus julgará o pecado no mundo e renovará todas as coisas, mas Ele está propositalmente "atrasando" a fim de permitir mais tempo para que as pessoas se arrependam e não precisem mais ser julgadas por Ele (2 Pedro 3:9). Até então, Ele SE PREOCUPA com o mal. Ao criar as leis do Antigo Testamento, Ele estabeleceu leis que desencorajassem e punissem o mal. Ele julgou as nações e os reis que desprezavam a justiça e buscavam o mal. Da mesma forma no Novo Testamento, Deus afirma que o governo tem a responsabilidade de prover a justiça a fim de proteger os inocentes do mal (Romanos 13). Ele promete também graves consequências aos que cometem atos malignos, especialmente contra os "inocentes" (Marcos 9:36-42).

Em resumo, vivemos em um mundo real onde as nossas boas e más ações têm consequências diretas e indiretas sobre nós e sobre os que nos rodeiam. Deus deseja a nossa obediência para o nosso bem, para que “bem lhes fosse a eles e a seus filhos para sempre” (Deuteronômio 5,29). Em vez disso, o que acontece é que escolhemos o nosso próprio caminho e então culpamos a Deus por não fazer nada sobre isso. Tal é o coração do homem pecador. Entretanto, Jesus veio para mudar os corações dos homens através do poder do Espírito Santo. Assim Jesus é capaz de agir a favor dos que se voltam contra o pecado e clamam a Ele para que os salve do pecado e das suas consequências (2 Coríntios 5,17). Deus previne e restringe alguns atos de maldade. Este mundo seria MUITO PIOR se o Senhor não estivesse restringindo o mal. Ao mesmo tempo, Deus nos deu a capacidade de escolher entre o bem e o mal, e quando escolhemos o mal, Ele permite que nós e os que nos rodeiam soframos as suas consequências. Ao invés de culpar e questionar a Deus sobre os Seus motivos para não impedir todo o mal, deveríamos nos ocupar com a proclamação da cura ao mal e suas consequências - Jesus Cristo!

 

VEJA MAIS AQUI:

 

O que a Igreja tem a nos dizer sobre a Morte?

https://formacao.cancaonova.com/igreja/doutrina/o-que-a-igreja-ensina-sobre-a-morte/

Por que Deus permite o sofrimento de seus filhos?

https://padrepauloricardo.org/episodios/por-que-deus-permite-o-sofrimento-de-seus-filhos

Por que Deus permite o sofrimento?

https://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2012/11/13/por-que-deus-permite-o-sofrimento/

Se Deus existe, por que existe o sofrimento?

https://formacao.cancaonova.com/igreja/catequese/se-deus-existe-por-que-existe-o-sofrimento/

Por que Deus não impediu a morte?

https://cleofas.com.br/por-que-deus-nao-impediu-a-morte/

Ensinamentos da Igreja sobre a morte

https://cleofas.com.br/ensinamentos-da-igreja-sobre-a-morte/